domingo, 10 de julho de 2011

Justiça x Vingança: como não confundir as coisas?

Grande comemoração ocorreu nos Estados Unidos, quando o presidente, Barack Obama, anunciou o sucesso da ação militar que resultou na morte de Bin Laden. Esse episódio, porém, gerou críticas pelo mundo: o objetivo da operação era prender ou executar o inimigo? Os americanos buscavam justiça ou vingança? A vingança é uma prática que acompanha a história da humanidade, mas é diferentemente interpretada: alguns a defendem como necessária à constituição da justiça; outros a consideram um ato irracional. Ela pode provocar um círculo vicioso, como provam os atentados terroristas que geraram a caçada a Bin Laden, que já gerou novos ataques terroristas. Vingança e justiça são coisas distintas. A lei brasileira preza a separação desses conceitos, recriminando o ato vingativo. Com base nisso e nos textos da coletânea, exponha seu ponto de vista em uma dissertação argumentativa sobre o tema: o que deve ser feito para a busca por justiça não ser confundida com a prática da vingança?

 

Justiça e vingança na Constituição brasileira

A ideia de justiça está presente no preâmbulo da Constituição Federal brasileira:

[...] A República Federativa do Brasil se fundamenta, também, na ideia de não discriminação, na ideia de solidariedade e, sobretudo na ideia de justiça social. [...] Os constitucionalistas, século XVIII e XIX, e as constituições do pós-guerra procuraram evitar a ideia de vingança. Vingança que já havia sido proibida até mesmo em Roma! A vingança passou a não ser mais tolerada e foi substituída pelas cláusulas do devido processo legal. [...] Então, quando se fere alguém, resultando em morte, lesão corporal, etc., a resposta da sociedade se faz pela aplicação desta cláusula do devido processo, que não significa vingança, significa que a sociedade reage contra o mal. Por isso que a vingança foi mesmo sepultada e em seu lugar foi implantada a democracia do processo."


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, com a equipe responsável pela Segurança nacional, assiste à operação que resultou na morte de Bin Laden.

Motivo

"Os homens apressam-se mais a retribuir um dano do que um benefício, porque a gratidão é um peso e a vingança, um prazer".

[Tácito, historiador romano, que viveu entre 55 d.C. - 120 d.C]

Feio, mas humano

Para especialistas, a alegria pelo fim de Bin Laden foi uma manifestação de alívio pela derrota de um inimigo ameaçador.

Alguns americanos celebraram o assassinato de Osama bin Laden com grande estardalhaço, promovendo uma verdadeira festa nas ruas. Outros ficaram muito incomodados - não com o assassinato, mas com a celebração.

[...] Nos blogs e nos fóruns da rede, algumas pessoas perguntaram: o fato de nos vingarmos e ainda glorificarmos o próprio feito não faz com que pareçamos iguais aos terroristas? Os cientistas sociais dizem que a resposta é não: isso faz com que pareçamos seres humanos. Num grande número de pesquisas, realizadas tanto dentro de laboratórios quanto no mundo exterior, psicólogos mostraram que o desejo de vingança é um critério relevante para medir como uma sociedade enxerga a seriedade de um crime e a possível ameaça maior que quem o cometeu possa representar.

[...] Tratou-se de um momento de puro extravasamento existencial", disse Tom Pyszcynski, psicólogo social da Universidade do Colorado, que estudou as reações ao 11/9. "Derrotar um inimigo que ameaça nossa visão de mundo, os próprios valores que acreditamos serem capazes de nos proteger, é a maneira mais rápida de acalmar a ansiedade existencial."

[Benedict Carey, do The New York Times, em O Estado de S. Paulo]

Cine Vingança

O terror contra-ataca
A milícia que protegeu o mentor do 11 de Setembro e a rede criada pelo terrorista mais famoso da história já deram início à sua campanha de vingança pela morte de Osama bin Laden nesta sexta-feira. O Talibã atacou no Paquistão, matando pelo menos 80 pessoas em atentados suicidas cometidos contra um centro paramilitar da polícia na região noroeste do país. O atentado foi reivindicado pelos talibãs como sua primeira ação de vingança por Osama.


Impotência, ressentimento e desespero

O que Nietzsche chama espírito de vingança é a manifestação concentrada do sentimento de impotência, ressentimento e desespero que tantas vezes se apodera daqueles a quem a própria vida é negada. [...] A vingança leva apenas à negação e à destruição. Em nossa sociedade, a forma mais concentrada e caricatural da vingança é o terrorismo. Qual o resultado do terrorismo? A exacerbação da própria violência contra o qual o terrorismo pretende se voltar e a formação de um círculo vicioso que, caso não seja rompido, pode levar a humanidade à autodestruição.

[Rodrigo Dantas, doutor em Filosofia pela UFRJ, em entrevista à Revista do Instituto Humanitas Unisinos]

Tendo como base as ideias apresentadas nos textos acima, os inscritos fizeram uma dissertação sobre o tema Justiça x Vingança: como não confundir as coisas?

Proposta de Redação retirada do site UOL Educação: http://educacao.uol.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário